A nossa herança do processo de ansiedade data do período pleistoceno, ou idade da pedra, quando a humanidade teve que enfrentar perigos reais ou imediatos no seu dia a dia.
Inundações, ataques de feras, risco de vida a cada momento eram realidades cotidianas, e as pessoas que estavam mais alertas, que tendiam a ver perigo a cada momento tinham maiores chances de sobrevivência.
Esta é a nossa herança: antecipar-se, preocupar-se permanentemente como se nossa integridade física, nossa sobrevivência dependessem desse estado de constante alerta.
Há um pouco do bicho em nós, na medida em que a natureza supre o animal de um instinto de sobrevivência. Quando o animal pressente um perigo que ele pode enfrentar, ele ataca e briga; quando sente que não pode confrontar ou que o perigo põe em risco sua sobrevivência, ele foge, corre para longe do perigo.
O ser humano também passa por inúmeras situações hostis, onde ou tem vontade de fugir, sair correndo ou onde tem vontade de atacar e destruir o que o incomoda. O problema é que nem sempre temos atitudes coerentes com que o que sentimos e nem sempre podemos agir por impulso. Ex.: uma pessoa em um relacionamento complicado, às vezes tem vontade de sair correndo e acabar com a situação, e às vezes tem vontade de destruir o objeto de sua raiva.
Só que não faz nem uma coisa nem outra, e só fica ansiosa, cobrando-se um milagre em particular para salvar a situação, ou fica esperando que o milagre venha do outro. A situação de espera causa uma ânsia e toda energia mental gasta no processo acaba sendo somatizada no corpo da pessoa.
É importante entender que tudo o que pensamos passa para o nosso corpo. Se você agora pensar numa situação bem triste que vivenciou, note que seus ombros ficam para baixo, sua expressão facial fica triste; se, em contrapartida, lembrar-se de uma situação bem engraçada que lhe aconteceu, automaticamente sua postura corporal e expressão facial modificam.
No processo de ansiedade, quando a pessoa fica em contato com seus medos, com as catástrofes dentro de sua cabeça, o cérebro não distingue se a situação é real ou não, se está acontecendo ou não, ele capta as impressões dos seus sentimentos, e mobiliza todo o corpo para agir; há uma descarga de adrenalina no sangue, e todo o corpo fica preparado ou para o ataque ou para a fuga, só que como a situação não está acontecendo, está só na cabeça da pessoa, todo o esforço físico (sudorese, tensão muscular, taquicardia, etc) não é colocado em prática, e isto acaba sendo somatizado, toda essa energia acaba indo para algum ponto nevrálgico do corpo e a pessoa acaba desenvolvendo sintomas psicossomáticos, como stress, dor de cabeça, úlcera, dor de estômago, azia, intestino irritável. Na verdade, toda esta tensão pode levar a inúmeras enfermidades.
Precisamos entender a raiz da ansiedade, medos e crenças que trazemos desde a nossa infância. À medida que tomamos consciência de nosso processo emocional, de nossa maneira de ser e ver as coisas, temos condições de interromper e curar a ansiedade. Precisamos desenvolver confiança na força atualizadora ou natureza dentro de nós, precisamos perceber a força natural de nossos recursos interiores, para podermos aprender a contar com essa força e pararmos de querer controlar o futuro, os outros, com o nosso pensamento.
Fonte: http://www.virada180.com.br