Invisíveis, mas não Ausentes / 24.03.2011

Quando morreu, no século XIX, Victor Hugo arrastou nada menos que dois milhões de acompanhantes em seu cortejo fúnebre, em plena Paris. 
Lutador das causas sociais, defensor dos oprimidos, divulgador do ensino e da educação, o genial literato deixou textos inéditos, que por sua vontade, somente foram publicados após a sua morte.
Um deles fala exatamente do homem e da imortalidade e se traduz mais ou menos nas seguintes palavras:

A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra.
Na morte o homem acaba, e a alma começa.
Que digam esses que atravessam a hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto.
Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?
Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser.
O que constitui o meu eu, irá além.
O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra,
coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro.
Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz.
Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade.
Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?
Por que não possuirá ele um corpo sutil, etéreo, de que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?
A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesado para esta Terra.
O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo do luminoso é o que não vemos.
Os nossos olhos carnais só vêem a noite.
A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz.
Na morte o homem fica sendo imortal. A vida é o poder que tem o corpo de manter 
a alma sobre a Terra, pelo peso que faz nela.
A morte é uma continuação, para além das sombras, estender-se o brilho da eternidade.
As almas passam de uma esfera para outra, tornam-se cada vez mais luz,
aproximam-se cada vez mais e mais de Deus.
O ponto de reunião é no infinito.
Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem.
Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito.
***

Muitos consideram que a morte de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, em verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se. 
Assim, diante dos que partiram na direção da morte, assuma o compromisso de preparar-se pra o reencontro com eles na vida espiritual.
Prossiga em sua jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem, pois elas serão valiosas, quando você fizer a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade.

- Do livro Victor Hugo e Seus Fantasmas,
de Eduardo Carvalho Monteiro






25 comentários:

Unknown disse...

nossa amei ler tudo isso
passa la no blog flor bjusssssssssssssssss

Janinha disse...

Bjo saudades eu estava daki

Merlaine Garcês disse...

Obrigada Khenberly e Janinha!

Jim Carbonera disse...

muito massa o texto. É o que eu acredito.

"O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra,
coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro.
Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz.
Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade."

As vezes tememos tanto algo que no final das contas é apenas uma mudança de "ambiente e de roupa" como ele bem destaca.

Bjss

http://www.estilodistinto.com/

Merlaine Garcês disse...

Justamente Jim... a morte é apenas uma mudança de vestimenta!
Obrigada!

Paola disse...

Adorei....

Rart og Grotesk disse...

muitas vezes não vemos a morte por esse ângulo, de nos libertar, de continuar.Estamos rodeados por aquela idéia de que morte é terrível, é isso, é aquilo, mas nunca vamos saber até morrermos, um dia, todo mundo vai saber como é esse mistério.
bjs

http://artegrotesca.blogspot.com

Sol disse...

realmente bom demais..
mostra o lado bom e verdadeiro da morte..

bjs.Sol

Sotnas disse...

Olá Merlaine, espero que tudo esteja bem contigo!
Desde seu aparecimento o homem teme e rejeita chegar ao fim desta jornada, no entanto creio que seja somente por desconhecimento. Por outro lado também não seria justo conhecermos o final do livro sem ao menos ler o início, quero dizer, creio que ai está o sentido de se viver com intensidade, justamente por são sabermos o que resta após o final!
Belo e interessante texto, postado por aqui Merlaine, realmente pra refletir!
Muito agradável por aqui passar!
Desejo a você e todos ao redor felicidades sempre, obrigado pela amizade e visitas, abraços e até mais!

Merlaine Garcês disse...

*Paola e *Solange, obrigada!

Imenso mistério *Grotesk, obrigada!

*Sotnas, sempre com belíssimos comentários... muito obrigada!

Quando a vida dentro de mim se tornou possivel disse...

A natureza é por demais perfeita para acabar com a morte - a morte esse eterno mistério.
Texto para muito refletir-muito bom!!
Bjs lindona!!

Merlaine Garcês disse...

Justamente... um eterno mistério!
Abraços amiga Rejane Sumida!

Paulo Boarro disse...

Oi Merlaine!
Sou seguidor do seu blog, e vim aqui visitar e me deparei com esse texto, extraido do livro de Vitor Hugo.
Falar da morte, não é um tema muito fácil de se falar, porque seja ela de que forma for, todos nós iremos enfrentar um dia, cada crença leva as pessoas a terem um idéia da morte, eu firmo minhas convicções sobre a morte na biblia sagrada, e acredito que qualquer possibilidade de vida após a morte, só podemos encontar fundamentos nela...
abraços.
Visite meu blog e deixe um comentario.
http://boarro.blogspot.com/

Anônimo disse...

Olá,
Tem um convite para você lá no meu blog: http://omundoparachamardemeu.blogspot.com/2011/03/um-mundo-melhor-para-chamar-de-nosso.html
Te espero lá!

Merlaine Garcês disse...

Paulo, justamente cada pessoa encara a morte conforme suas crenças!
Obrigada!

Unknown disse...

Como é bom descobrir lugares com um ar de excelente...

Já estou te seguindo, espero que me siga tbm...

Um abraço do Rafah!
http://eternizadoempalavras.blogspot.com/

Patricia Castagna disse...

a MORTE é a completude humana.

DoCe InSaNiDaDe disse...

So passamos por aqui, o ser humano é tão ligado a materia que as vezes nao suporta a ausencia fisica...... por isso ainda estamos no planeta chamado terra! Mais um dia a gente cresce ne? Amei o texto!!!

Thiago Brito disse...

Noossa merlaine, boa postagem, falar de morte é algo muito delicado considerando-se que diversas opiniões divergem desse assunto, e escolher passagens de Victor Hugo foi um boa escolha. Particulamente acredito que morte seja um destino comum e antíte3se necessária na vida, assim como há sorrisos há lágrimas, assim como luz há escuridão, assim como há vida tem de haver morte..

Bjo grnd!
http://essenciaego.blogspot.com/

Lar Cósmico disse...

Merlaine

O seu blog é maravilhoso, e agradeço as palavras de carinho.

Bjo em seu coração

Ana

Merlaine Garcês disse...

*Tíssia
*Doce Insanidade e
*Thiago

A morte é a única certeza que podemos ter, e é a única e mais temerosa situação pra todos!!
Mas é simplesmente uma passagem...

Obrigada à todos!!

Aline Teodosio disse...

Eu tbm acredito que naum acabamos com a morte.. o que dói na verdade eh saber que naum teremos mais contato com aquela pessoa que amamos.. saudade machuca.
A distancia é o mais difícil de aceitar.
Ótimo post, Merlaine.
Bju grande!

Merlaine Garcês disse...

Obrigada *Aline!

Rosana Corrêa - @Sentido_Existir disse...

Mer,

Amiga, maravilhoso o texto. Recorde sempre dele para não perder a alegria de vivere o brilho em função da "mudança" de estado de vida da sua mãe. Ela está viva e te quer muito feliz.

Lembre-se, o fato de não poder tocar, de não poder sentir o cheiro, de não ver, não significa não existir, não é assim com o Espírito maior que cremos?

Beijos!

Merlaine Garcês disse...

Verdade amiga Rosana...
agora a pouco eu estava a chorar de saudades da minha mãe... vontade de aperta-la, abraça-la, sentir teu cheiro, cheiro de MÃEEEEEE ♥

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Conto com comentários sensatos.
Desde já,
Obrigada!

 

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